terça-feira, 26 de agosto de 2014

CXXIII - CONFIDÊNCIA



CONFIDÊNCIA

Parando para ouvir-te, vício que alteia 
E deixa pelo ar a voz em abandono
Ante a vergonha própria o mau humor verdeia
Fazendo o desvario calar qual céu de outono 

Que me sobreviesse em novo amor agora
Tocando qual brilhante e raro como festa
Como se flecha fora a joia mais sonora
Batuta a permear acordes na floresta

Eis o lugar em que o vagar é sensação
E lá o vento existe e a chuva é tesouro
Flagelo inexprimível é tê-lo, coração

Quer pelo amor passeie ou falte de fazê-lo
Sem ter coragem de deixar recados, sombra
Mesmo que fosse vã, lembrança nua em pelo

(Miguel Eduardo Gonçalves)

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