sábado, 30 de março de 2013

XCII - SOBREVIVENTES...


Comando ao sentimento dá à visão
Pensar criterioso e aprisionado
Que rouba a um coração apaixonado
A graça interessante da ilusão

Que é hora do furor indisfarçado
Querer que não se oculta em cada mão
Agindo pelos corpos que se dão
Trazido do infinito reclamado

Distante deste mundo corriqueiro
Caminho sem retorno recomeça
Separa-se de nós e volta à pressa

É dele que se alastra alvissareiro
No hipnótico encanto de um luzeiro
O que a vida em prazeres atravessa

(Miguel Eduardo Gonçalves)

domingo, 17 de março de 2013

XCI - ENCENAÇÃO



Encenação
Através da palavra unicamente
O que vejo no tempo, de bandeja
A gerar no poema essa beleza
É entreaberta janela ao que se expende...
O silêncio analisa a natureza
Toca breve o segredo que a desvende
Cordial no fazer-se confidente
E disperso nas letras como seja
Solidão sem disfarce nem remendo
Que entrará pelo espelho da memória
Envolvente ternura do acalento.
Quando sinto esse enredo que me olha
Qual teatro a espreitar o seu elenco
Lá no fundo, ambienta a minha hora!
Miguel Eduardo Gonçalves

domingo, 3 de março de 2013

XC - INFINITOS

Cor infinita corta o ar agora
Pequena flor constante dá o recado
É a beleza do mundo como aflora
Neste poema em versos que arrecado.

São sucessivas ondas, muito embora
A medo o adeus comum é desvendado
Recordação que vem e se demora
E sem disfarce torna-se um tratado.

E assim a duração do belo é a tua
E o pensamento voa enriquecido
Por um encanto que me apazigua...     

No som do mar a sensação do rito
Do céu a voz cadente em riso, nua
A natureza veste e eu pasmo fico!        

MEG