domingo, 10 de junho de 2012

LXXVII - INSINUANTE...


Para o capricho pleno fecundar
Como clareia a lua a noite escura
Desponta verdadeiro desnudar

Certo aroma escondido na candura
Debanda a timidez pela aventura
Desperta gula faz-se num olhar
Enquanto chama dure essa loucura
No ardente sobressalto a desfolhar

Tanto agradece aos bis que até se ri
Beijo guloso em lábios tem morada
São pétalas bailando em frenesi

Vontade tropical apaixonada
Que enlaça corpo e língua, e nem aí
Resolve a coisa de uma talagada

Miguel Eduardo Gonçalves

sábado, 2 de junho de 2012

LXXVI - PAIXÃO (II)

Quando o sol estiver a pino regulado
E for um abraçar maior que pegue o mundo
O tempo será claro, azul, arregalado
Vestido só de céu, como um olhar profundo.
Já nós seremos fogo ao vento persistente
Quando o desejo seja o anseio percebido
E o mundo inteiro tal esse calor da gente
Exultante paixão, dela a fazer-se ungido.
Sem artifício algum, prazer tão aclamado           
Em desejoso sexo o tempo dure e aja
E fato, submetendo, há de ser refinado
O próprio ato em si, por tanto que encoraja.

Que essa verdade humana atente com veemência
Pois, verdadeiramente, ativa a saliência!


(Miguel Eduardo Gonçalves)

LXXV - RARA BELEZA


Florescendo da moça estonteante
Farto encanto por que se aparecia
Apelante desejo em sintonia
Frenesi com poder narcotizante.

Do verão a umidade reticente
Nesse mar da miragem sem igual
Convincente manchete, de atual
Que maduro esse fruto me consente.

Inda mais, que dos bicos um segredo
Latejando aos olhares sucessivos
Adivinha meus atos convulsivos...

Ornamentos em gestos, um brinquedo
Pensa amante, constrói-se nesse enredo
Mansamente explodindo nos sentidos!  

(Miguel Eduardo Gonçalves)

LXXIV - MAESTRO (II)

LXXIV - MAESTRO II  

Sou a batuta que me tem
Pois sei que nela existe vida
Na harmonia daqui e além
Dando aos acordes a investida.

Essa, que entre as coisas mais raras
O tom oferece aos sentidos
E os deslumbra com suas aparas
Senões a domar os ouvidos.

Diante de mim, como um feitiço
Aos olhos inflamam-se as cores
Ponteio intervalos, por isso

Como luz que harmoniza amores               
Em meu coração aterrisso...
Esse meu sol com seus valores!
(Miguel Eduardo Gonçalves)