sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

XCVIII - Prisão Domiciliar

Prisão Domiciliar

O medo paralisa a tentativa 
Mantendo em seu refúgio algum segredo
Esconde certa culpa ou verdade
Ninguém sabendo assim o seu defeito

A vida assim vivida em defensiva
Que o espírito encobre pelo enredo
É apenas o passado, a veleidade
Que até seus versos mentem por despeito

Maior ardor, alquímica redoma 
Certeza é o tempo que esvanece, mata
Com a mesma rapidez de cada instante

Decerto aqui o verso que me toma
Jamais pretenda ser aristocrata
Pois lhe é presente a vida angustiante

(Miguel Eduardo Gonçalves)

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

XCVII - Curiosidade ao pé de mim.....

Curiosidade ao pé de mim
Sentida ao vento insaciável
Valia essa mulher por mil 
Tamanha a paixão expedida

E a grande festa assim-assim
Em corpo sublime, palpável
Nascida em ânsia e amor febril
A carne ardia sem saída 

Mistério de um desejo raro
Aquele que há de calar
A força da fome animal

E além, do primitivo faro
Saber-se esculpido no par
Enleio em verniz seminal

(Miguel Eduardo Gonçalves)

domingo, 13 de outubro de 2013

XCVI - NADA É COMO FOI...



Nada é como foi...

Ser vivo, o tempo se transforma... Vês?
Soberbo, como o excesso é alienador
É opinião, nada mais, posta em nudez
Quiçá mostrando à vida algum valor!

Passando a limpo escreve este pudor
Abstraído em profundo eu, talvez
Qual maneirismo intenso e aterrador

Que me enamora calmo e descortês

Divide-se em caráter travesti
Passado de um estado de aguardente
Envolto agora nesse frenesi...

Preciosa flor, intimidade ausente
Tu foste embora enquanto ainda é aqui
Que nada é como foi, de corpo ou mente!

(Miguel Eduardo Gonçalves)

terça-feira, 23 de julho de 2013

XCV - A debilidade da certeza-


A debilidade da certeza-

Quantos seres a imaginação produz
Belos corpos, anjos e demônios... só

Utopia, mito e obsessão por luz

Soluções que se replicam, dão-lhes nó.
 
É o desejo por resposta a que faz jus

O universo do propósito xodó

Paraíso de fantasmas que conduz
Qual disfarce protegido por filó.
 

Na verdade eu o digo, mais ninguém
Permitir-se acreditar, por ser um dom

Mais seduz a sensação que vem dalém...
 
Fanatismo espanta dúvidas, dá o tom

Argumenta a humanidade sem desdém

Confortante é esse crer que é tudo bom!


MEG

sábado, 18 de maio de 2013

XCIV - LUAL



LUAL

Através da palavra unicamente
Sente a vida, que afaga como beija
E o poema gerando essa beleza
É entreaberta janela ao que não mente!

O silêncio analisa a natureza
Da ilusão segredada que a desvende
E inspirado é em fazer-se confidente
Dispersando-se em letras como seja:

Dourado indisfarçável de um momento
Profundo em luz do céu mais imortal
Envolvendo a ternura do acalento...

Quando sinto esse enredo sem igual
Qual teatro que espreita o seu elenco
Lá no fundo me sinto num lual!

Miguel Eduardo Gonçalves




domingo, 5 de maio de 2013

XCIII - INSCRIÇÃO







INSCRIÇÃO


Atrás de um jeito especial
Dizê-lo faz com que a palavra
Adquira a forma instintual...
E nela a vida se celebra!

Não há noção do espacial
É só a mente que desbrava
O ar devido e pontual...
A cor do dia vem de quebra!

Luxúria esguia como chama
Que a súbita paixão domina
E o corpo todo cede a aclama...

Que força mágica qual sina
Transforma o ser num seu programa
Fazendo nada que a previna!

(Miguel Eduardo Gonçalves)

sábado, 30 de março de 2013

XCII - SOBREVIVENTES...


Comando ao sentimento dá à visão
Pensar criterioso e aprisionado
Que rouba a um coração apaixonado
A graça interessante da ilusão

Que é hora do furor indisfarçado
Querer que não se oculta em cada mão
Agindo pelos corpos que se dão
Trazido do infinito reclamado

Distante deste mundo corriqueiro
Caminho sem retorno recomeça
Separa-se de nós e volta à pressa

É dele que se alastra alvissareiro
No hipnótico encanto de um luzeiro
O que a vida em prazeres atravessa

(Miguel Eduardo Gonçalves)

domingo, 17 de março de 2013

XCI - ENCENAÇÃO



Encenação
Através da palavra unicamente
O que vejo no tempo, de bandeja
A gerar no poema essa beleza
É entreaberta janela ao que se expende...
O silêncio analisa a natureza
Toca breve o segredo que a desvende
Cordial no fazer-se confidente
E disperso nas letras como seja
Solidão sem disfarce nem remendo
Que entrará pelo espelho da memória
Envolvente ternura do acalento.
Quando sinto esse enredo que me olha
Qual teatro a espreitar o seu elenco
Lá no fundo, ambienta a minha hora!
Miguel Eduardo Gonçalves

domingo, 3 de março de 2013

XC - INFINITOS

Cor infinita corta o ar agora
Pequena flor constante dá o recado
É a beleza do mundo como aflora
Neste poema em versos que arrecado.

São sucessivas ondas, muito embora
A medo o adeus comum é desvendado
Recordação que vem e se demora
E sem disfarce torna-se um tratado.

E assim a duração do belo é a tua
E o pensamento voa enriquecido
Por um encanto que me apazigua...     

No som do mar a sensação do rito
Do céu a voz cadente em riso, nua
A natureza veste e eu pasmo fico!        

MEG

domingo, 17 de fevereiro de 2013

LXXXIX - TENTANDO A REALIDADE


TENTANDO A REALIDADE

Tentando a realidade diplomata
Espelha, lá de um sonho onde estão
Vontades com extrema excitação
Espasmo estilizado que arrebata    

O tempo vai passando não em vão
Afável por capricho autodidata
Tecendo em cada beijo que delata
A breve lucidez levada ao chão       

Perfil emocionante esse desejo
Presença que me faz ver o que vejo
Sequer sabe da hora comedida

Que ele só por si é já aviso
Atado a cada instante em que diviso
Sentido o bem supremo que é a vida

Miguel Eduardo Gonçalves

sábado, 19 de janeiro de 2013

LXXXVIII - VIDA MUSICAL


Qual faz a opinião quando acertada
Que à luz do bem adestra o pensamento
Também é no viver que me acalento
De tanto que faz bem e me arrecada

Repousa em cada hora o norteamento
Porque vivida à plenitude alçada
A lida como em tela matizada
De um mundo só formoso, cem por cento

Pois nesse natural que belo e forte
É o mundo acontecendo em meu desejo
Sorrindo-se por si como em cortejo

Que encontra a realidade e muita sorte
Acorde se fazendo como a elejo
Por mim cheia da graça de um arpejo

MEG