sábado, 26 de julho de 2014

CXVIII - SOMENTE UM GESTO




Deusa das paixões, a rosa
Da amorosa primavera
Já ao longe se faz cheirosa
E de tudo se apodera

Como é maravilhosa
De um arroubo, essa atmosfera
Tão gentil, tão acintosa
Que jamais se degenera

Quando sente ser chegada
Harmoniza a despedida
Fantasiando a jornada

E, como enfeitando a vida
Quando essa equivale ao nada
Faz-se piedade infinita

(Miguel Eduardo Gonçalves)


terça-feira, 22 de julho de 2014

CXVII - LEMBRANÇAS


Lembranças...

Tecendo à noite certo olhar ausente
Segredo havido a um tempo delicado
Que tudo viça forte e docemente
Fazendo que o olhar seja avivado

Pois hoje neste dia suficiente
Relembro em coisas idas grão passado
Detalhes isolados entre a gente
Apenas num suspiro enamorado

Cantar o sentimento faz sentido
Distingue da paixão, tão inconstante
O escopo de um sentir mais aguerrido

Verdade copiosa de um instante
Que volta à realidade tal cupido
Querendo-se desejo em ti bastante

Miguel Eduardo Gonçalves

sábado, 19 de julho de 2014

CXVI - FASES DO AGORA



Fases do Agora


Neste céu que enfeita o dia
Já à noitinha do poente 
Há na vida que cicia 
Uma festa efervescente.

E da forma que irradia
A ilusão, tão diferente
O momento acaricia
Com os tons do meu nascente.

Que despertar horizonte
Consente esse colorido
Que irá pra trás do monte?

Contradição do ocorrido
Talvez, para mim a ponte
Ao esplêndido florido!

(Miguel Eduardo Gonçalves)

terça-feira, 15 de julho de 2014

CXV - ANJO PERDIDO

Pintura de Anna Razumovskaya


Concordei com a descoberta
Que pasmou a intimidade
A atmosfera é teu perfume
Que me deixa dessa forma

E como fosse desperta
Requintadas de verdade
Eram tuas luzes meu lume
Extasiadas por norma

Fascínio sentido à tez
No toque retribuído
Foi ver-me louco de vez

‘ Champanhe’ em corpo fruído
Soberba em farta higidez
Tu és meu anjo perdido

(Miguel Eduardo Gonçalves)

quinta-feira, 10 de julho de 2014

CXIV - AREAL...


Areal...

O tempo vai passando e pode tanto
Deixado caprichosamente ao vento
Paisagem fina acarinhando o encanto
Razão maior que fisga o pensamento.

Deserto é rio sem margem, entretanto
Só ele, monstro devorante e isento  
É foz qualquer que não entende o pranto
Velando olhares já sem fingimento.

O laço aperta a sorte agudamente
Falar o quê, se esse é o destino
Que intato permanece e vai contente?

Fugaz paixão de um coração ferino
A contemplar meus males, que eloquente
Porém na solidão em que alucino!


(Miguel Eduardo Gonçalves)