Para ficar no estrito necessário
E ao pé da letra o instante indiferente
Neste soneto apenas um sumário
Do que me diz a alma certamente
E disso o estar ciente, por hilário
Ao céu da minha obra é silente
Não diz respeito a ela um anuário
Que sobre mim exponha o evidente
As letras são amigas da emoção
Dos sonhos cores, não suas conclusões
E a um poema é como elas se dão
Poema que transvasa mil senões
Não é recado nem é discussão
Tão só contempla alvos de afeições
Miguel Eduardo Gonçalves
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