sexta-feira, 18 de maio de 2012

LXXIII - VISLUMBRE

Quanto sutis se querem tais momentos...
Vêm do erotismo pleno se mostrando
Teus lábios dos sabores tão sedentos
Por mim cumprindo a saga em que me expando!

Caminhos que me avivam sentimentos...
Capricho que se chega inebriando
De uma cintura feita aos movimentos
Troféu que não demora a meu comando!

Qual força afina-se, nomeia o ato
Que frenesi do ânimo se torna
Em noite que incandesce e apura o fato?

Inexplicável templo achado exato
Sob o vestido enleio que o adorna
E aos poucos abandona o anonimato.

Miguel Eduardo Gonçalves

LXXII - Elixir de sonho bom


No jardim dos pensamentos
A vontade da promessa
Dá comando aos sentimentos
De fazer suar à beça...
Lá se formam bons momentos
Sensações disparam pressa
Pelos corpos mais sedentos
Em que a ânsia recomeça
Pra deleite da visão
Rebolante luz de velas
A pôr fogo na ilusão
Desfazendo-se em quimeras
Tal como ondas de um marzão
Pelo estar no meio delas!

Miguel Eduardo Gonçalves

quarta-feira, 9 de maio de 2012

LXXI - Licença à Palavra

Para ficar no estrito necessário
E ao pé da letra o instante indiferente
Neste soneto apenas um sumário
Do que me diz a alma certamente

E disso o estar ciente, por hilário
Ao céu da minha obra é silente
Não diz respeito a ela um anuário
Que sobre mim exponha o evidente

As letras são amigas da emoção
Dos sonhos cores, não suas conclusões
E a um poema é como elas se dão

Poema que transvasa mil senões
Não é recado nem é discussão
Tão só contempla alvos de afeições

Miguel Eduardo Gonçalves

terça-feira, 8 de maio de 2012

LXX - ÁGUA (criação coletiva)

Água

H20 é água, água só.                                   p 
Vital à vida e a vida a tem sem sobra...         r
Mas há no desperdício, de dar dó                m
um mal que é incontido, triste obra...            r 

Mais vale em sortilégio, e muito pró             m
sonhar, sim, com o futuro que desdobra       r
a natureza em vida do seu pó                       m
o mesmo que por pouco não soçobra.         r 

O amanhã, que não chora nem sorri             m
fará lembrar que a água é um tesouro          r
insofismável mãe de lá e daqui!                    m

O seu valor excede muito ao ouro               r
é o equilíbrio que nas nuvens li                     m
que desça sobre nós torrente... Estouro...     r

p. Paulo Camelo, r. Ronaldo Rhusso e m. Miguel Eduardo Gonçalves

Soneto composto em http://descansodasletras.forumeiros.com/

domingo, 6 de maio de 2012

LXIX - AUSENTA-SE DE MIM CERTA DISTÂNCIA

Ausenta-se de mim certa distância
Colado sinto à pele o que há na mente
O mundo eternizado numa ânsia
Tão como te expõe a mim pra sempre

Pois pensa uma ansiedade, que ciente
De que se guia farta de elegância
Estreita o nosso espaço e nos consente
Na cama que faísca na abundância

Fragrância que por fim a tudo cala
Na forma que o instante eriça os pelos
Na cena que sublima a nossa gala

Paixão que é do furor por seus modelos
-Como porta-bandeira e mestre-sala-
Tão dada inteiramente por desvelos

Miguel Eduardo Gonçalves