sábado, 2 de junho de 2012

LXXVI - PAIXÃO (II)

Quando o sol estiver a pino regulado
E for um abraçar maior que pegue o mundo
O tempo será claro, azul, arregalado
Vestido só de céu, como um olhar profundo.
Já nós seremos fogo ao vento persistente
Quando o desejo seja o anseio percebido
E o mundo inteiro tal esse calor da gente
Exultante paixão, dela a fazer-se ungido.
Sem artifício algum, prazer tão aclamado           
Em desejoso sexo o tempo dure e aja
E fato, submetendo, há de ser refinado
O próprio ato em si, por tanto que encoraja.

Que essa verdade humana atente com veemência
Pois, verdadeiramente, ativa a saliência!


(Miguel Eduardo Gonçalves)

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