domingo, 24 de março de 2019

CXXXII -


CXXXI - SEM VOLTA...

Rolava pela cama audaz e improvisada
Diante de um desejo indômito e tirano
Alguma gula agindo em força alucinante
No beijo da volúpia em claro desempenho
Compasso que se vira e ondula na ‘tocada’
Perdida em rodopio do qual me louvo e ufano
Perna enroscada enseja o rito e se garante
Matéria humana e mente, acordes que desenho
Fadiga que a faz linda às luzes da indecência
E afoga o esconderijo em seiva indisfarçável
Com louco e involuntário acordo da exigência
Tu só és toda pele, esse lugar provável
Por si, do puro estilo, a fome e a saliência
Te vejo no apogeu excelso e inapelável

O SOL - CXXX

O Sol na cristalina imensidão
Espraia-se risonho, alvoroçado
E em júbilo rebenta na emoção
Enchendo o céu inteiro de dourado
É amor que tanto rompe, não em vão
Enquanto traz em si bem aclarado
O fogo crespo e esparso de um florão
No céu que é inteiro teto afortunado
E assim completo o brinde à sorte altiva
Orgástica ilusão azul e astuta
Que a tudo, em tanta força, toma e aviva
Sinfônica regida por batuta
Fazendo mil gracejos para a diva
Esculpe a nua flor cheirosa e astuta

CXXIX - Assim...

Percorre-te o primor da juventude
No perfumado olor que enfurecido
Vem cheio de furor, bem amiúde
Alucinadamente abastecido!
Doce cuidado meu quer atitude
De um casto amor deveras colorido
Que a nossa pele em toda plenitude
A fantasia traz la do infinito...
É quando a luz do céu retoca o instante
Da orgástica paixão que chega e encena
Pra tanto se mostrando bem sonante
E a festa preparada se apequena
Que diante de uma alcova cativante
O amor tempestuoso nos coordena

(Miguel Eduardo Gonçalves)